quarta-feira

Em nome do Pai

Da-me uma razão para que não te procure!

Porque não poderei eu saber por que ruas passas, por que bancos te sentas, o que sonhas ao deitar, a primeira imagem ao acordar. Dá-me uma razão para que não me sintas!
Porque não poderei eu escrever-te na parede do quarto, nas paredes do mundo, na minha e na tua, arranhar e arrancar tintas, procurar e achar-te.
Porque não posso ver com quem andas, que becos procuras, sem nome de homem ou de mulher, esse teu jeito jeitoso de ser.
Nome delicado esse que apresentas e que não se consegue escrever, é preciso entrar em mim para te conhecer. Por que ruas andas, em que luzes te escondes? E porque não danças? Não avanças? Apenas esperas que te amem sem que te dês a ver.
Dá-me 100 razões para não te ter!

Não sabes que não se duvida?

Bem que te tenho, não te vejo mas não te estranho.
Passo por essas mesmas ruas, risco as mesmas paredes, cuspo para o mesmo vaso, arranco a mesma tinta, grito bem mais alto porque o meu tu ouves, corro onde se sente o vento, paro onde os meus pés me param , deixo a tua carne e a água que deitas nos confins da minha gaveta. Ordeno os meus livros por capas e cores, por temas e autores, as molduras por pessoal e impessoal, junto o frio com o quente, cores complementares e opacas, tintas e latas.
Misturo e arranco ilusões, conto histórias de policias e ladrões, brinco como qualquer criança de 50 anos. Dá-me 1000 razões para que não o faça!

Assim está melhor!

Melhor para ti que não te cansas, que mesmo que grites a pulmões abertos ninguém te ouve, mesmo que corras pela areia ninguém te vê pegadas, mesmo que andes por becos e ruelas não há alma que te sinta.

Não tenho razões para te amar...

mas amo!