quinta-feira

Dom'nú da razão.

Há cidades que parecem selvas, há o dar a mão e não a agarrar, há compassos a circular apenas a 180º, há quem fique pela metade, há o inchaço do cérebro ausente de massa, há o sangue que corre nos vivos, há a carcaça dos bichos selvagens, há a vergonha do uso supérfluo, há árvores que já nascem tortas, há a conversa com os mortos.
Há a comodidade da relação ou da falta dela, há a iluminação profunda, há as revistas com marcas de copos de uma noite qualquer, há o jogo de xadrez feito a um.
Há a procura de outros corpos, há outros tactos, há outras camisolas muito acima do teu número, há outros cortes de cabelo.
Há sons válidos, há homens que se levantam, há mulheres imortáis.
Há o desfibrilador a 300 wats, há pás da ressurreição, há filhos de um deus maior ou de outros 100, há a comida que queima, há água congelada que evapora.
Há aulas sobre rochas partidas, há livros passados à lupa, há sumos espremidos em noites frias, há bolos duros comidos, há chocolate amargo cuspido, há monstros da criatividade, há a realidade esquecida e o milho deixou os campos.
Há a realidade das coisas, há ausência dos amores, há os escudos protectores, há formigas a roubar comida, há murros na solidão, há velhos a celebrar os jogos e os bancos, há a música eterna, há arranhão nas costas, há o roxo, há os dedos no chão, há a vista da janela, há anos corridos, há gente, em causa nossa, há equilíbrio sobre 7 rodas.
Há o desconhecido das sebentas, há a pequenez dos astros no papel...


Depois...

Só depois, existes tu e eu...