sábado

A terra dos sonhos

Sam desistiu.
Deixou de percorrer as mesmas ruas.
Largou de vez as tintas que o ajudavam a pintar as paredes dela.
Apagou a luz pela última vez e fechou a porta.

Aqui não volto mais!

Sam quis apagar da sua memória esse amor antigo e voltar para o único que lhe fora fiel.
O único amor que nunca o deixara, mesmo depois de ele ter partido sem justificações.
A essa, ele tudo lhe devia. O seu espaço, o seu ar, o seu caminhar, o seu cheiro que mesmo ao fim de tantos anos Sam nunca esquecera e nunca perdera. O som era o mesmo, o fim de tarde na sua companhia era provavelmente o único sitio onde ele se podia perder e achar-se ao procurar-se.
Até hoje, Sam nunca percebera o porque de a ter abandonado por tanto tempo, e como poderia ela recebe-lo com o mesmo espírito com ele a deixara há anos atrás.

Verdadeiro amor! - pensou ele

Ela nunca saíra do mesmo lugar, continuava com o mesmo brilho, com a mesma simplicidade de sempre, adorada por muitos e a todos recebia com só ela sabe.
As suas paredes mesmo pintadas por graffiti não lhe estragavam a candura, as suas ruas sujas não lhe retiravam a beleza, o som dos carros não lhe retiravam a paz de espírito quando dormia ou quando acordada.

Sam, apenas a queria de volta, para nunca mais a largar.

Não há nada que se te compare, tu és a minha cidade!