terça-feira

Ser como o vento

Que tal se o vento nos levasse,
E na curva nos largasse,
Atirados de forma bruta ao nevoeiro,
Entre folhas secas e pedras no meio.

E se a chuva nos molhasse,
Talvez ele se entregasse,
Aos ramos velhos de centeio,
De um tronco nobre que nem veio.

Como se de uns cabelos gastos,
De lágrimas em cara escorridas,
Levitam almas por verdes pastos,
Onde as mulheres felizes andam escondidas.

Depois a noite acontece,
e o vento vira, volta e curva,
Ajoelhamos-nos numa prece,
De uma obra triste e turva.