terça-feira

Dor no joelho

Limita-se a mudar, desligar telefones, sinais de fumo, entupir a caixa do correio com papel para não caber mais nada, nem o ar lá entra e o fundo deixa de se ver.

O querer correr todas as manhãs até ao final da tarde, de costas ou de lado, tudo menos de gatas, aí doí nos ossos.
Desactivar contas, largar o relógio em cima da prateleira até que a pilha se acabe. Tic Tac. shiuuu.

Chave na porta, está ao contrário, abre se para a direita e vais direita à parede.
Arrumar a roupa que se acumulou durante um mês de ausência da cama, da nossa cama, mudar os lençóis.

Mudam-se os lençóis e muda se a cor, o cheiro de outro corpo entranhado e que se sabe que ali não se volta a deitar. Queimam-se as fronhas num panelão, aqui não voltas cabrão! Aqui não voltas...

Levantar o colchão para entalar novos lençóis.
Traaaasssssss...
Porra, outra vez não!

Decisão de descanso, sem noitadas, sem fumo de cigarros.
Afastar uma tonelada de madeira...o joelho direito sai do sitio, dor agonizante com direito a grito isolado, suor amarelado, dor equivalente ao tiro no peito.

A mudança dói, no corpo e na alma.