quinta-feira

As ondas do Guincho.

Que costa essa onde elas se contam,
Onde se perdem tranquilas ao achar,
Fogem seguidas e não se encontram,
Rebentam batidas à beira-mar.

Não se vêm em formas de X surgindo,
Som que nos meus ouvidos persiste,
Seguidas de marés elas vão existindo,
Ondulação de mar que a vista assiste.

Na areia fria onde o mar insiste,
Em cor quente de sabor salgado,
Secas a pele e o que dela consiste,
Queimas o mais nobre corpo delgado.

E do abismo de onde a água se ergue,
Não há sinais de ilha remota,
Violência santa que só ele consegue,
Viver em seu corpo é saborosa derrota.